Kirliangrafia e Bioenergias


Fotografia Kirlian

Fotografia Kirlian produzida em 1980 – Fonte: Wikimedia Commons

Noutro dia assistia a uma Tertúlia Conscienciológica quando alguém mencionou a possibilidade de usar-se a máquina kirlian para verificar o estado das bionergerias de uma pessoa. Ninguém se manifestou. Fiquei incomodado com isso e resolvi escrever esse post aproveitando parte de um material que escrevi há 10 anos.

A descoberta do “Efeito Kirlian” deu-se casualmente em 1939 por Semyon Davidovich Kirlian, um eletricista da cidade de Krasnodar, sul da Rússia, quando observou a presença de um minúsculo lampejo de luz entre os eletrodos e sua pele quando submetido, em um instituto de pesquisas nessa cidade, a um tratatamento de massagem por meio de eletroterapia de alta frequência.

Conforme Kirlian descobriria mais tarde, o efeito já havia sido observado anteriormente. Já em 1777, o físico Georg Christoph Lichtenberg descreveu as marcas deixadas pelas faíscas no pó de um placa transparente. A partir de 1851, essas “figuras de Lichtenberg” eram fixadas por daguerreotipia, a primeira forma de fotografia. Em 1890 o engenheiro russo Yakov Narkevich-Todko constatou a ocorrência do fenômeno, mas, como outros, desprezou-o como uma mera curiosidade.

Apesar disso, Kirlian intuíra que devia haver algo mais ali do que um belo efeito luminoso. Assim, movido pela curiosidade, auxiliado por sua esposa, Kirlian passou a fazer experiências no sentido de registrar fotograficamente aquele efeito. Empregando equipamentos que ele mesmo passou a construir, e que acabaram por gerar diversas patentes, passou a obter surpreendentes imagens.

Em essência, a Máquina Kirlian, como passaria a ser conhecida, é um artefato bem simples: Um oscilador produz um sinal de alta-tensão a uma frequência de 75 a 200 KHz que energiza um eletrodo conectado a uma chapa de vidro sobre a qual coloca-se um filme fotográfico. Qualquer objeto que tocar o filme provoca o surgimento de um centelhamento que fica registrado no filme. Para evitar-se que o filme seja velado, deve-se executar o experimento no escuro.

A luminosidade  fotografada pela máquina Kirlian surge a partir da ionização das moléculas de ar por um campo elétrico de alta tensão. Essa ionização provoca uma reordenação espontânea dos elétrons das moléculas do ar com a emissão de radiação eletromagnética que pode ser percebida como luz visível e impressionar uma placa fotográfica. Os efeitos obtidos, em certos casos, são visualmente muito belos: Milhões de luzes faiscantes como joias dispostas em padrões multicoloridos pela superfície e ao redor do objeto fotografado.

Animado com os resultados, o Kirlian submeteu todo o tipo de objetos a máquina, da mão humana a folhas de plantas, moedas e outros objetos. Notou então que alguns objetos como a mão e folhas de plantas novas apresentavam padrões luminosos e bem definidos, assim como folhas secas quase não apresentavam luminosidade e objetos como moedas apresentavam padrões regulares. Dessa forma, Kirlian deduziu que as coisas vivas apresentavam sinais de sua vitalidade na forma de luzes e padrões que não se encontravam noutros objetos, mortos ou inorgânicos.

As pesquisas do casal Kirlian prosseguiram e, em 1962 a revista Unión Soviética No 145, publicou um artigo divulgando publicamente, pela primeira vez, o trabalho dos Kirlian.

Em 1968, os cientistas Inyushin, Grischenko, Vorobev, Shouiski, Federova e Gibadulin publicaram, na Universidade do Casaquistão, um trabalho entitulado “A Essência Biológica do Efeito Kirlian” , Nesse trabalho, os autores postulavam que as pesquisas levavam a crer na existência de um “corpo de plasma biológico”, transcendente ao corpo físico.

Foi somente em 1970, contudo, com a publicação do best seller Psychic Discoveries Behind the Iron Curtain – Experiências Psíquicas Além da Cortina de Ferro – pela jornalistas americanas Sheila Ostranger e Lynn Schroeder, que público em geral tomou conhecimento dos experimentos com a Máquina Kirlian. Esse livro teve grande repercursão junto a comunidade de pesquisadores da parapsicologia, naquela época, reconhecida oficialmente como ciência. De forma bastante entusiástica, as autoras descreveram aquilo o que definiram como a fotografia da aura das pessoas, suscitando enorme curiosidade tanto de pesquisadores quanto do público em geral.

Motivados por essas informações, em junho do mesmo ano, pesquisadores brasileiros do IBPP – Instituto de Pesquisas Psicobiofísicas – foram os primeiros a reproduzirem o efeito Kirlian fora da União Soviética. Embora o IBPP ainda estivesse na fase inicial de suas pesquisas, seu feito acabou sendo casualmente divulgado, o que provocou, na época, grande repercursão internacional. Em diversos países pesquisadores e pessoas comuns passaram a produzir suas próprias máquinas e experiências.

Ao longo da década de 70, com a crescente divulgação do assunto, passou a ser possível para qualquer pessoa, nos Estados Unidos da América, adquirir sua máquina Kirlian “industrializada”. O mesmo ocorreria em nosso país a partir da década de 80. No Brasil, após encerrar suas pesquisas em torno desse tema, o IBPP divulgou o projeto de sua Máquina Kirlian que foi reproduzido por inúmeros pesquisadores e curiosos. Eu mesmo, modifiquei o projeto e elaborei minha própria versão do equipamento pois, naquela ocasião, eu era técnico em eletrônica por profissão.

Dentre outras possibilidades, os defensores da Kirliangrafia afirmavam o seguinte a seu respeito dessa técnica fotográfica:

(a) Que as “auras” fotografadas variam previsivelmente com os estados fisiológicos e psicológicos;

(b) Que possibilitam saber se duas pessoas são “compatíveis” ou não;

(c) Que a “aura” de um objeto vivo permanece intacta mesmo que lhe falte seja retirado um pedaço (efeito fantasma) e

(d) Que tem importância transcendental com ferramenta de diagnóstico médico.

Infelizmente, todas essas afirmações e outras parecidas, foram desmentidas por pesquisadores de todo mundo, começando pelos do IBPP. Anos mais tarde, em 1986 entrevistei um dos pesquisadores dessa instituição, Hernani Guimarães Andrade e coletei detalhes sobre os resultados de suas pesquisas.

As pesquisas realizadas com todo o rigor científico demonstraram que inúmeros fatores ambientais como a temperatura e umidade do ar, fisiológicos (umidade nas mãos, intensidade da pressão do dedo/mão sobre a chapa fotográfica, o fato da pessoa estar descalça ou não) e físicos (tempos de exposição, tempo de revelação, frequência e intensidade do campo elétrico, dentre outros) foram os responsáveis pela maior parte das variações dos halos luminosos fotografados. Telma Moss, em seu livro O Corpo Elétrico, relata com detalhes sua luta contra essas dificuldades em obter resultados confiáveis com a Kirliangrafia.

A conclusão que todos os pesquisadores sérios chegaram é que não havia a necessidade de invocar-se fenômenos parapsíquicos para explicar os resultados e não havia evidência de que as condições psíquicas afetassem os modelos de halo.

Apenas como curiosidade, o famoso “efeito fantasma” onde a folha de uma planta nova exibia a “contraparte extrafísica” no local onde um pedaço fora cortado, nunca pode ser reproduzido quando todas as condições eram controladas. Era possível sim, criar falsos fantasmas ao fotografar-se a folha inteira e, depois, retirar um pedaço e depositá-la exatamente na mesma posição em que estava antes. Nessas circunstâncias, a umidade, óleos, bactérias e outros contaminantes residuais da folha inteira ainda existentes na base de vidro sensibilizam o filme fotográfico fazendo surgir um falso fantasma.

Assim, transcorridas seis décadas desde a sua divulgação pública, não se encontrou sequer uma aplicação demonstrável de diagnóstico médico válido baseado na Kirliangrafia, muito menos outras aplicações como avaliação emocional ou “efeito fantasma”. Por esse motivo, não mais se encontram hoje referências a Kirliangrafia, mesmo em publicações espiritualistas.

Para saber mais

Experiências Fora do Corpo – Fundamentos

Fronteira da Consciência.com

Metaconsciência.com

Lin-Chi

EAC – Escola de Autopesquisa da Consciência

Livro Estado Vibracional

Livro Estado VibracionalLivro Experiências Fora do Corpo - Fundamentos

 

 

 

 

 

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